sábado, 30 de junho de 2012

Pré-candidato do PSOL fala sobre orgulho gay


Homossexual há mais de 35 anos, Moacir luta contra o preconceito
Diante de tantas datas festivas no calendário, 28 de junho chama a atenção. Não só pelo fato de ser comemorado o dia do Orgulho Gay, mas por trazer à tona questões relacionadas à aceitação da sociedade em relação aos homossexuais. O preconceito é confirmado através de dados, os quais ainda não abrangem todos os casos.
Segundo o grupo Coletivo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) de Maringá, no último ano na região, foram 47 adolescentes expulsos de casa por serem homossexuais; 39 casos de agressão; 13 tentativas de suicídios de adolescentes e três suicídios. Já nos últimos três anos, foram oito travestis assassinados.
Em 2011, conforme Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), responsável por coletar dados nacionais sobre homofobia, 266 homossexuais foram assassinatos no país. Desse total, 162 eram gays, 98 travestis e sete lésbicas, sendo que 4% tinham idade inferior a 18 anos e 46 % menos de 30 anos.
O Presidente do Coletivo LGBT, Luiz Modesto, frisa que dados como estes colocam o Brasil como o país mais intolerante à homossexualidade se comparado a países onde se relacionar com alguém do mesmo sexo é considerado crime com pena de morte. “O índice de morte por homofobia no Brasil é cinco vezes maior que no Irã”, diz Modesto.
Não há um motivo único que explique tantos casos de violência e de preconceito. Para Modesto, algumas posturas de instituições e da sociedade, é que fortalecem a homofobia. Para mudar esse cenário, iniciativas são tomadas por grupos LGBT procurando tratar da homossexualidade em todos os setores da sociedade. Um desses exemplos é o Projeto de Lei nº 122, que tem como função não só a criminalização da homofobia, mas também sua caracterização. A aprovação do PL colabora também com a criação de banco de dados específicos de violência, facilitando o desenvolvimento de ações para combater casos de violência a esse grupo.
Atitude
Moacir Luiz de Souza tem 46 anos e aos 10 se descobriu homossexual. Desde então enfrenta a intolerância. “O preconceito começou ali [no colégio] e para mim foi uma barreira muito grande, porque estava me conhecendo, eu não tinha a minha personalidade, minha identidade ainda”, conta.
Souza lembra que, tanto os amigos quanto a família, percebiam que ele era diferente resultando em um tratamento distinto por parte das pessoas que o cercavam. Dificuldades como essa foram aumentando com o tempo, principalmente quando na adolescência - mais precisamente aos 14 anos de idade - se apaixonou por seu primo. “Eu já sabia o que eu era e tentava esconder da melhor maneira possível”, diz.
Quanto ao seu pai, ao descobrir a opção do filho, ficou revoltado e muitas pessoas próximas até hoje pedem para que Souza não demonstre tanto a sua opção sexual. “Eu não vou me esconder de maneira nenhuma. Eu vou mostrar quem eu sou, e vou mostrar que eu sou um gay que pode viver no meio da sociedade, sendo uma pessoa trabalhadora. O fato de você ser homossexual não quer dizer que você não seja honesto”, ressalta fazendo referência ao fato de ter colocado seu nome para ser pré-candidato a vereador pelo PSOL, para trabalhar a favor dos homossexuais. “Nós só vamos conseguir falar de nós sem brigas, sem agressões, porque de agressão o mundo já está cheio”, destaca.
A homofobia e todo tipo de preconceito, de acordo com Souza, é decorrente principalmente da ausência de diálogo entre as pessoas e também a falta de respeito com os homossexuais, que muitas vezes não são tratados como seres humanos. “[O homossexual] é um ser humano, uma pessoa como outra qualquer”, ressalta.

Publicado em: 29/06/2012 - 10:16 | Atualizado em: 30/06/2012 - 08:41 
http://www.itribuna.com.br/variedades/uma-luta-diaria-contra-o-preconceito-9539

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